UM HORRÍVEL ASSASSINATO
Eu
estava no quintal,
“Pá...
pá... pá...” ouvi três tiros;
Apois
foi! Nesse momento
Tomei
um forte suspiro.
Entrei
pra dentro de casa,
E
fui direto pra sala,
E
subi para a janela.
Armaria!
Deuzulive!
Nunca
vi cena tão triste
Pavorosa
como aquela.
Quando
subi pra janela,
Vi
um homem ensanguentado;
Ele
tava numa esquina,
E
ainda em pé, coitado!
Mas,
dali não se movia,
E
eu todo tempo via
Seu
corpo todo vermelho;
Segundo
eu ouvi falar,
Ele
sofreu isso lá
Porque
não tomou conselho.
Mesmo
ainda estando em pé,
Não
conseguia andar;
E o
assassino, carregando
Outros
tiros pra lhe dar.
A
rua estava repleta
De
pessoas nas janelas
Olhando
pr’aquela ação;
Uma
cruel cena forte
Preparada
pela morte;
Que
triste situação!
Ora,
isso aconteceu
Em
Exu, minha cidade.
Nesse
tempo eu tinha cerca
De
dez anos de idade.
Apois
é... tal cena vendo,
Fiquei
todo me tremendo
Atrepado
na janela
Vendo
a vítima agonizando,
Sua
blusa levantando,
Mostrando
suas costelas.
Ao
levantar sua blusa,
Aquele
pobre coitado
Parecia
até mostrar
Que
não andava armado.
Preparando
a sua arma,
O
assassino a carregava,
Tava
pouco milixando.
E a
vítima ali, então,
Logo
arriou no chão
E
ficou agonizando.
Vendo
a vítima se mexendo,
Rolando
ali pelo chão,
O
assassino disse ao outro:
“Ele
inda num morreu, não!”
Com
a sua arma em punho,
Pensou:
“Quer mais? eu acunho!
Peraí,
seu condenado!”.
E,
com sua arma na mão,
Caminhou
em direção
Àquele
pobre coitado
Armaria!
Todo mundo
Ficou
de olhos grelados
Vendo
o assassino ir
Pra
onde estava o condenado.
Pá,
pá, pá, pá, pá, pá, pá,
Pá,
pá, pá, pá, pá, pá, pá...
Mandou
bala foi sem dó!
Caminhando
e dando giros,
Deu
cerca de quinze tiros
Volteando
ao seu redor.
Misericórdia!
Uma cena
De
partir o coração.
Minha
mãe saiu da porta
Sentindo
forte emoção:
--Armaria!
Deus do Céu!
Coisa
triste... Ô, Manel,
Me
dá um pouquinho d’água!
--Ôxe,
Ontonha! Pra que tão...?
Pricisa
isso tudo, não!
Péra,
home! Vamo tê calma!
Depois
de fazer aquilo,
O
homicida sumiu;
E,
bem ao redor do corpo
O
povo se reuniu;
Um
bando de curioso,
Tudo
em pé olhando o corpo,
Mas,
pra que tudo aquilo?
Ensanguentado
e crivado,
Mas,
e a multidão ao lado?
Tava
era achando bonito
Eu,
olhando da janela,
Vi
chegar a mãe do morto;
Ela
fez um choro amargo
Ali
pertinho do corpo.
Ela
chorava em pé
Vendo
o quanto triste é
Passar
por aquele fel;
Com
seu triste amargor,
Em
pé lamentava a dor,
Levantando
as mãos pro céu.
De
surpresa aparecendo
A
viatura policial,
Bem
depressa os curiosos
Se
sumiram do local;
Tão
depressa aquele povo
Se
afastou dali do corpo,
Por
ter medo da polícia,
Igualzinho
a um bando brabo
De
urubus espantados,
Quando
sai duma carniça.
A
mulher do homem morto
Também
lamentava muito;
No
velório debruçou-se
Bem
no seio do defunto.
Testemunha
um tanto sou;
Cada
cena que passou,
Inda
hoje as contemplo:
Das
cenas, quando recordo,
Logo
sinto que me torno
Um
viajante do tempo. 30/12/2014