EITA, MEDO DE INJEÇÃO!
Foi
no Crato, Ceará,
No
Hospital Monsenhor Rocha;
Quem
lembra do que passei,
De
mim hoje inda debocha.
Com
dez anos de idade,
Sofri
tão calamidade
Gritando
que nem um cão:
Pra
poder ficar curado,
Todo
dia era furado,
Eita,
medo de injeção!
No
primeiro dia ali,
Tomei
injeção de noite.
Pense
num moído grande!
Cada
pulo, cada coice!
Minha
mãe mais se irava,
No
colo me segurava,
Eu
sentindo o beliscão.
Mãe
dizia: “Bicho frouxo!”
Me
matava de arrocho,
Eita,
medo de injeção!
Eu
fui dormir revoltado
Por
não poder me vingar;
Pensando
no outro dia,
Noutra
injeção pra me dar.
Então,
bem de manhã cedo,
Eu
me acordei com medo
Pensando
no agulhão;
Todo
tempo na espreita
Pensando
comigo: “Eita!”,
Eita,
medo de injeção!
Sempre
antes do café,
Eu
levava uma furada;
Antes
do almoço e janta,
Eram
mais duas picadas.
Eu
não queria acordo,
Volteava
que nem doido,
Fazia
qualquer ação
Para
tentar me livrar,
Pra
não deixar me furar,
Eita,
medo de injeção!
Aquele
hospital, pra mim,
Era
uma coisa trágica;
Pra
mim era um presídio
Forte
em segurança máxima.
Todo
tempo eu triste era
Pra
mim eu só via feras:
Enfermeiras
de plantão.
Ai,
meu Deus, que coisa horrível!
Cada
cômodo era temível,
Eita,
medo de injeção!
Cada
injeção que eu tomava,
Fazia
o pior chamego;
Como
um boi sendo capado,
Eita,
coices! Eita, medo!
Depois
da furada ardendo,
Eu
fingia estar morrendo,
Pra
me vingar na “prisão”.
Vixe!
Tortura infernal;
Cada
vez passando mal,
Eita,
medo de injeção!
De
madrugada, assombrado,
Mal
conseguia dormir
Com
medo que as enfermeiras
Viessem
comigo bulir.
Cada
susto eu levava!...
Dormia,
me acordava;
Que
triste situação!
Cada
momento era duro,
Eu
só vivia em ar puro;
Eita,
medo de injeção!
Os
choros doutras crianças
Tomando
injeção eu via;
Esperando
a minha vez,
Chega
a bundinha tremia!
Não
havia escapatório:
Como
um bode expiatório
Levado
à condenação,
Eu
dava coice, pulava,
Dava
patada e gritava;
Eita,
medo de injeção!
Comia
sem apetite,
Ora,
eu cada vez morria;
Grande
saudade de casa,
Chega
a lágrima corria.
Com
nada eu me alegrava,
Pois
a tristeza era brava
De
partir o coração;
De
tanto ser molestado
Pelas
injeções, coitado;
Eita,
medo de injeção!
06/03/2015
DEPOIS DE QUEBRAR UM BRAÇO...
Para
minha mãe eu disse
Com
a cara de santa puta:
“Quebrei
o ‘bracim’, mainha!”
Foi
outro dia de luta.
Ela
disse: “Aí! Tá vendo?
Eu
sempre te recomendo
Prevendo
tal embaraço”.
Mas
já era muito tarde
E
fiz o maior alarde
Depois
de quebrar um braço.
Grande
galo levantou-se
Entre
o antebraço e mão;
Minha
mãe me disse: “Aí!
Eu
sempre te avisei, não?”
O
meu corpo desmaiou,
Grande
galo levantou:
Na
junta grande inchaço.
Eu
fiquei quase apagando,
Cada
vez agonizando
Depois
de quebrar um braço.
Eita,
baita dor da gota!
Só
sabe quem já provou.
Mãe
disse: “Inda vai pular?”
“Nunca
mais vou, mãe, não vou!”
Ela
disse: “Agora aprenda!
Doutra
vez cê me atenda,
Agora
caiu no laço”.
E
assim fiquei bem triste
Vendo
no quanto consiste
Depois
de quebrar um braço.
Feito
um idiota eu disse:
“Não
sei como eu quebrei”
“Ora
essa... Cê quebrou
Na
junta, eu te avisei!
Eu
te avisei, meu fi,
Assim
mesmo eu me confie...
Você
teimou feito o diacho.”
E,
de dor quase que morro,
Fui
pra o pronto socorro
Depois
de quebrar um braço.
Chorando,
eu torcia o braço
Pra
tirar os raios xis;
O
funcionário zomba
Olhando
pra mim e diz:
“Vai
fi duma mãe, manhoso!
Doutra
vez tu vai de novo
Se
trepar que nem macaco?”
E,
de cara bem tristonha
Passei
muito foi vergonha
Depois
de quebrar um braço.
Em
fim, enfeixado o braço;
Eita,
baita dia puto!
Depois
fomos pra cidade
De
Ouricuri-Pernambuco.
Entramos
na ambulância,
Eu
sempre sentindo a ânsia
Pra
ver meu braço engessado
E
parar de sentir dor;
Deuzulive,
que horror
Depois
de quebrar um braço!
Passei
uma tarde inteira
Esperando
atendimento;
A
dor diminuiu mais,
Mas
inda dava tormento.
Lá
pelas dezoito horas,
Depois
de esperar lá fora,
Finalmente
fui chamado,
Todo
momento lembrando
Quanto
eu tava me arrombando
Depois
de quebrar um braço.
Sozinho
dentro da sala,
Vi
um garotin chorando;
Ele
tomava injeção,
E
eu de medo me cagando!
Pensei:
eita, o dotô vem
Aplicar
em mim também,
Tou
é frito, tou lascado!
Eita,
dia de aflição,
Eita,
medo de injeção
Depois
de quebrar um braço!
A
enfermeira veio a mim
Aplicar
em mim um soro;
Quando
senti a furada,
Eu
me derreti no choro.
Mãe
ouviu meu reboliço:
“Leando,
para cum isso,
Bicho
fresco, seja um macho!”
Depois
de tanta emoção,
Tive
a última aflição
Depois
de quebrar um braço.
Sentado
ali na cadeira,
Comecei
a sentir sono;
Fechava
o zói, despertava,
Só
que cada vez mais zonzo.
Depois
de uns três minutos,
Tempo
mais ou menos curto,
Me
pegaram no regaço
Pra
me levar numa maca,
Outra
ação que me marca
Depois
de quebrar um braço.
Após
o braço engessado,
Na
maca me carregavam;
Forte
leseira eu sentia,
Chega
o zói se embriagavam.
Eita,
sono véi da praga!
Pareceu
cachaça braba
Que
eu tivesse tomado.
E
assim também confesso
Que
foi mais outro processo
Depois
de quebrar um braço.
Após
dormir muito tempo,
Na
cama eu me acordei;
Vi
que eu tava num quarto,
Cada
vez mais despertei.
Eu
via tudo rodando,
E
mãe comigo falando:
“Tá
vendo aí que arraso?
Tu
ainda aguentaria
Passar
tanta putaria
Depois
de quebrar um braço?”
Ali
na cama, esperando
A
anestesia passar,
Mãe
conversava comigo,
E
eu todo a me alegrar.
Eu
conversava exibido,
Parecia
ter bebido,
Enxerido
no pedaço;
Não
sabia o que dizia,
Só
conversava ingrisia
Depois
de engessado o braço.
Depois
que o “porre” acabou,
Do
hospital eu saí;
Só
que saí caminhando
Inda
tonto, pense aí!
O
motorista chamou,
Minha
mãe o reclamou
Me vendo
bambo nos passos;
Eita,
fuzuê da gota!
Nunca
mais eu faço ôta
Depois
de quebrar um braço.
08/03/2015
Ê, CACETE DE AGULHA!
Eu
pisei em um espinho,
Isso
custou muito caro;
O
que aconteceu comigo
Foi
até um caso raro.
Sempre
andava eu, coitado,
Com
o calcanhar levantado,
Vergonha
de andar na rua.
Ih!
A bolha que cresceu...
Vixe!
O que aconteceu...
Ê, cacete de agulha!
Na
sala de curativo
Fiquei
quietinho, sentado;
Eu
fiquei imaginando...
Preocupado,
espantado!
Ih!
Lá vinha a enfermeira!
Eu
fiquei duma maneira...
Ora
a coisa ali foi dura;
Fiz
um grande labacé
Pra
não furarem meu pé,
Ê, cacete de agulha!
Ao
ver aquela agulhona,
Fiquei
brabo feito um touro:
A
agulha era do tipo
Das de se costurar couro!
Ao
começar o moído,
Fiz
um grande alarido,
Foi
um grande empurra, empurra;
Três
homens me segurava,
A
enfermeira me furava,
Ê, cacete de agulha!
Ela
puxava o couro
Com
a agulha e o rompia;
Eu
gritava e pensava:
Agora
a macaca pia!
Meus
lábios já tavam roxos,
E
os homens: “Dessê frouxo!”
E
eu, cada vez com fúria;
Minha
mãe, vendo eu gritando,
Ficava
só me olhando.
Ê, cacete de agulha!
Pra
tirar o carnicão,
Deixei
o prédio agitado;
Eu
gritava feito um porco
Quanto
tá sendo capado.
Fazia
cócega, doía,
Berrava,
o suor descia,
E
os homens: “Fura, fura!”
Eita,
enfermeira malvada,
Bixiga
da mão pesada,
Ê, acete de agulha!
E
aí, você também
Gosta
de andar descalço?
Pra
quem gosta é prazeroso,
Mas
olhe não pise em falso!
O
que aconteceu comigo
Pode
te pegar, amigo;
Cuidado
com tal borbulha!
O
solo é contaminado
E,
se tu for espinhado,
Ê, cacete de agulha!
09/03/2015
Ê, CACETE DE ALICATE!
1Certa vez fui ao dentista; ( 1eu tinha 6 anos de idade)
Dente
doendo e furado.
Eu
estava ansioso
Pra
ver meu dente tirado.
Eu
me sentei na poltrona,
Ih!
Lá vinha a seringona!
Forte
meu coração bate.
Aplicando
a anestesia,
Começou
a putaria,
Ê, cacete de alicate!
O
cacete de agulha
Foi
o primeiro a *comer;
Quanto
mais furava o dente,
Mais
eu ficava a gemer. (*Olhe se tem mente suja!)
Aplicada
a anestesia,
Passou
uma pasta fria,
Tipo
queima, esfria, arde.
Após
bem cinco minutos,
Chegou
o momento bruto,
Ê, cacete de Alicate!
O
dente tava inflamado,
Sofreu
pouca anestesia;
Mas
o dentista tentou
Pra
ver o que aconteceria.
O
alicate ele pegou,
No
meu dente ele o cravou,
Quase
que ao dente parte!
Comecei
a sentir dor,
Comecei
o chororô,
Ê, cacete de alicate!
“Ai,
ai, ai, ai, ai, ai, ai...
Não,
não, não... Dor da mulesta!
Num
é pra arrancar, não,
Desse
jeito assim num presta!”
Era
isso que eu pensava,
Só
que eu nada falava.
“Para,
dotô, não me mate!”
O
dente ele amolegava,
Cada
vez eu me cagava,
Ê, cacete de alicate!
O
dotô parou o serviço,
Passou
mais uma pastinha;
Disse-me:
“Ó, demore um pouco:
Mais
uma anestesiinha!”
Depois
de uns três minutos,
Com
meu fôlego ainda curto,
Lá
vem outra, meu cumpade!
Molestava
o dente queiro,
Ai,
meu Deus, que desespero,
Ê, cacete de alicate!
Eu
me esperneava todo,
Jorrava
sangue da boca!
Ê...
Moído demorado!
Minha
voz já tava rouca.
Passou
mais uma pastinha,
Daí
a pouco já vinha:
“Calma,
garotinho, acalme!
Tudo
agora vai dar certo,
Viu?
Não chore, fique quieto”,
Ê, cacete de alicate!
Ele
torcia o dente,
Eu,
“ai, ai, ai, ai, ai, ai!...”
Mãe
disse: “Ele arranca já!
Aí
nóis pra casa vai.”
Árri, *Antônio de Bebé!
Feito
um bode a chorar: bééé...
Eu quase tive um enfarte.
Era
o dente véi doendo,
E
ele cada vez moendo,
Ê, cacete de alicate!
E,
por fim, puxou com força,
Quase
pro queixo laxar;
Dei
um tapa no alicate
P’ele
parar de puxar.
Ora,
foi tão forte a dor,
Chega
meu zói revirou,
Quase
que tive um ataque;
Mas,
até que finalmente,
Conseguiu
tirar o dente.
Ê, cacete de alicate!
10/03/2015
*Dentista