sábado, 1 de julho de 2017

O TRÂNSITO NO BRASIL

É um tanto perigoso,
É um tanto complicado;
É um tanto horroroso,
É um tanto bagunçado.
Tanta desobediência!
Devido a impaciência
Nossa vida é arriscada;
E, no trânsito o povo anda
Fazendo o que a lei manda
Pra obedecer aos guardas.

Nossa vida é preciosa;
Você isso sente nela?
Então tenha atenção,
Dela seja o sentinela.
Pois você tem o dever
De qualquer coisa prever
Com atenção redobrada.
Pois no trânsito o povo anda
Fazendo o que a lei manda
Pra obedecer aos guardas.

Quem perde a vida no trânsito
Não tem nada pra contar.
Apenas quem o perdeu
Só lhe resta lamentar.
O respeito pela vida
É a coisa mais devida;
Deve ser bem preservada.
Mas, no trânsito o povo anda
Fazendo o que a lei manda
Pra obedecer aos guardas.
  
A devida obediência
Todos nós devemos ter;
Em respeito à própria vida
Devemos bem nos manter.
Deixe de você ser tonto!
Do trânsito ninguém é dono,
Grandeza não vale nada!
E você no trânsito anda
Fazendo o que a lei manda
Pra obedecer aos guardas.

Eu faço o que a lei manda
Porque quero o meu bem,
E por todos que estão
Ao nosso redor também.
À vida dê valor!
Pois ela é como um vapor
Que por pouco vem e passa.
Mas no trânsito o povo anda
Fazendo o que a lei manda
Pra obedecer aos guardas.

No trânsito, quem já morreu
Não pode nada contar.
Apenas a própria morte
Procura em quem descontar.
Cuidado você também!
Saiba que a morte vem,
E não se apressa nem tarda;
E, no trânsito o povo anda
Fazendo o que a lei manda
Pra obedecer aos guardas.

Se beber, nunca dirija,
Se dirigir, nunca beba.
A morte não dar aviso,
Por ti mesmo a perceba;
Dirigir não é brinquedo,
Podes morrer tarde ou cedo,
Levando outro à desgraça.
Pois, no trânsito o povo anda
Fazendo o que a lei manda
Pra obedecer aos guardas.

Muitos motoristas bobos
Se exibem nos veículos;
Mesmo não estando bêbados,
São piores, mais ridículos.
Quanto mais o carro é novo,
Dirige mais orgulhoso;
No trânsito nada resguarda;
Pois no trânsito esse cão anda
Fazendo o que a lei manda
Pra obedecer aos guardas.

Ver-se um jumento na pista
Não é nada apavorante:
Apavorante é, sem dúvidas,
Ver-se um burro no volante!
E alguns, quando erram, agem
Piorando a sacanagem
Quando chamam pra porrada;
E assim no trânsito anda
Fazendo o que a lei manda
Pra obedecer aos guardas.
  
Outros, pouco dão a seta
Pra esquerda ou pra direita;
Um bando de idiotas,
Tanta direção mal feita!
E outro, cá cara lisa,
Pra um lado sinaliza
E faz a manobra errada;
Vai ver, é mais um que anda
Fazendo o que a lei manda
Pra obedecer aos guardas.

“Põe o sinto todo mundo!
Há guardas ali na pista”;
É o que se faz por aí,
Depois que a vida arrisca.
Outros põem o capacete,
Depois de levar cacete
Ou ter cabeça esmagada,
Pois no trânsito o povo anda
Fazendo o que a lei manda
Pra obedecer aos guardas.  

                                                 

segunda-feira, 29 de maio de 2017

A FALSA DEMOFILIA NA POLÍTICA

Eleição vai, eleição vem,
E sempre a mesma rotina;
As sanguessugas nos chupam,
Enquanto o povo lastima.
Lastimam, mas não aprendem,
Por isso os ladrões nos prendem
Sempre na mesma folia.
Mas nos meses de campanha,
Todo ladrão nos apanha:
A falsa demofilia.

Todo partido é igual,
E não tente discordar;
Pois quem vem discordar disso,
Está bom de acordar.
Não rouba do mesmo jeito,
Mas doutro tira proveito;
Você em algum confia?
Eu não confio em nenhum,
Pois é muito bem comum
A falsa demofilia.

A falsa demofilia,
Com palavras de esperança,
Aproxima-se do povo,
Pra conquistar confiança.
Do jeito que a vida está,
Nunca vou acreditar.
Como você avalia?
Avalia com esperança?
Olhe a falsa aliança:
A falsa demofilia.
  
A falsa demofilia
É uma rede de pesca;
É quem mais seduz o povo;
Meu povo, ela nunca presta!
Mesmas palavras de novo,
Diz que dá apoio ao povo,
Isso sempre foi mania;
As palavras sedutoras
Pra eleições impostoras:
A falsa demofilia.

A falsa demofilia,
Em campanhas e eleição,
É a melhor arma usada,
Pois tem fácil sedução;
Uma sedução comum,
Que sempre engana um por um.
Ah, meu povo, acorde um dia!
Não seja mais enganado
Pelo “bom” palavreado
Da falsa demofilia.

A falsa demofilia,
Uma atraente isca,
É o lindo palavreado
Que ao povo sempre conquista.
Eu te faço um pergunta:
Quando a esmola é muita,
O cego não desconfia?
Não se deixe enganar!
Cuidado com o blá, blá, blá...
Da falsa demofilia.
  
Uns dizem não prometer?
Você nunca caia nessa!
Diga-me qual o político
Que não vive de promessa!
No palanque, a todo mundo,
Promete o mundo e o fundo,
E o povo se afilia.
Bando falso demolatra
Que só usa na matraca
A falsa demofilia.

Tanta conversa bonita,
Cada qual de admirar;
Demonstram tanta humildade,
Só faltam ao povo adorar.
Depois tomam outro rumo,
Tome o povo fogo e fumo
Das palavras que engolia!
Grita, aguenta, coração!
Logo vem noutra eleição,
E a falsa demofilia.

Falar tanto pelo povo
Em campanhas, sempre é moda;
O povo sempre acredita,
O povo se acomoda;
O povo sempre escuta
A toda palavra astuta,
Sempre a mesma covardia;
Toda eleição acredita
Nas mesmas palavras ditas
Da falsa demofilia.

                                                 Junho/2015
CAMINHONEIRO X “CAMINHONETEIRO”

Van Gilmar de Exu Fretes:
Vinha o caminhoneteiro       
No ano dois mil e quinze,
Vinte e um de fevereiro.
De Juazeiro do Norte,
Nós enfrentamos a morte,
Foi momento assustador:
Um caminhoneiro brabo,
Possuído pelo Diabo,
Na pista nos enfrentou.

Todos nós, dentro da van,
Paramos no acostamento;
Bem atrás de nós estava
Um carretão no momento.
O carretão foi saindo,
Para a pista foi subindo,
Caminhoneiro nojento
Bateu, raspou... Vixe! Nã!...    
No retrovisor da van,
Pois o bicho era impingento!

O retrovisor da van
Ficou um tanto trincado;
Nosso caminhoneteiro
Ficou raivoso um bocado!
Nosso caminhoneteiro
Buzina ao caminhoneiro:
Fez uma ultrapassagem,
E o caminhoneiro, a inchar,
Logo tentou nos fechar,
Pense numa sacanagem!
  
“Venha, fi de rapariga!”,
Disse o caminhoneteiro;
Fazendo a ultrapassagem,
Disse pro caminhoneiro:
“Se eu tivesse um Trinta e Oito,
Agora tu tava morto
Com um tiro em tua cabeça!”.
Numa hora dessa, má,
Só nos resta a Deus clamar,
Não importa o que aconteça.

Chegando ao Posto Arizona,
Um posto de combustível,
Lá estava o caminhoneiro,
O momento foi temível!
O motorista da van,
Logo ao vê-lo, disse: ãhan!
Agora te pego, seu...
E os dois pegaram, então,
Uma baita discussão,
Leia a briga que deu:

--Ei, rapaz, por que aquilo?    
Me responda aí, seu fela...!
Por que raspou no meu carro?
Heim?! Que putaria aquela?
--Ôxe! Nem venha com onda!
Ora, tu estaciona...
Por acaso não tem vista?
Faz-se estacionamento
É sempre no acostamento.
Tu tava em cima da pista!





--Em cima da pista, não,
Eu parei no acostamento!
Você é ignorante,
Eu não sou nenhum jumento.
--Cê tava na pista sim,
Nem venha mentir assim,
E não tente, não insista!
Tu prestou atenção lá?
Nem venha com blá, blá, blá...
Tu tava em cima da pista.

--Caba teimoso da porra...
Eu num tava em cima, não!
--Tava em cima, sim, minínu,
Deixa de enrolação!
--Enrolado tá você!
Pensa que eu sou o quê?
Pensa que tu me “conquista”?
--Se convença se quiser,
Tou dizendo é o que é:
Tu tava em cima da pista.

--Pessoal, vamos ter calma,    
É só isso que nos resta;
Ele tá errado mesmo,
E violência não presta.
--Bom... Eu mesmo cheguei calmo,   
Pois naquilo ele se arrisca?
--Não fiz nada de arriscado,      
Vai dizer que tou errado?
Tu tava em cima da pista.


--Mesmo eu em cima da pista,
Precisava tu bater?
Você é ignorante,
Só quem quer direito ter.
--Que conversa da bixiga!
Se quiser nóis até briga,
Em mim ninguém nunca trisca!   
Não adianta mentir,
Não adianta insistir:
Tu tava em cima da pista!

Chame a polícia agora,
Pois eu filmei tudo, meu!
--Que negócio de filmagem!...
O que vai haver com eu?
--O quê? O que vai haver?!
Apois chama pra tu ver!
A filmagem tá na lista.
--Vai com tua sacanagem!
Não tenho medo de filmagem.
--Tu tava em cima da pista.

                                           Fev/2015





sábado, 22 de abril de 2017

Putarias da Minha Infância

EITA, MEDO DE INJEÇÃO!

Foi no Crato, Ceará,
No Hospital Monsenhor Rocha;
Quem lembra do que passei,
De mim hoje inda debocha.
Com dez anos de idade,
Sofri tão calamidade
Gritando que nem um cão:
Pra poder ficar curado,
Todo dia era furado,
Eita, medo de injeção!

No primeiro dia ali,
Tomei injeção de noite.
Pense num moído grande!
Cada pulo, cada coice!
Minha mãe mais se irava,
No colo me segurava,
Eu sentindo o beliscão.
Mãe dizia: “Bicho frouxo!”
Me matava de arrocho,
Eita, medo de injeção!

Eu fui dormir revoltado
Por não poder me vingar;
Pensando no outro dia,
Noutra injeção pra me dar.
Então, bem de manhã cedo,
Eu me acordei com medo
Pensando no agulhão;
Todo tempo na espreita
Pensando comigo: “Eita!”,
Eita, medo de injeção!
  
Sempre antes do café,
Eu levava uma furada;
Antes do almoço e janta,
Eram mais duas picadas.
Eu não queria acordo,
Volteava que nem doido,
Fazia qualquer ação
Para tentar me livrar,
Pra não deixar me furar,
Eita, medo de injeção!

Aquele hospital, pra mim,
Era uma coisa trágica;
Pra mim era um presídio
Forte em segurança máxima.
Todo tempo eu triste era
Pra mim eu só via feras:
Enfermeiras de plantão.
Ai, meu Deus, que coisa horrível!
Cada cômodo era temível,
Eita, medo de injeção!

Cada injeção que eu tomava,
Fazia o pior chamego;
Como um boi sendo capado,
Eita, coices! Eita, medo!
Depois da furada ardendo,
Eu fingia estar morrendo,
Pra me vingar na “prisão”.
Vixe! Tortura infernal;
Cada vez passando mal,
Eita, medo de injeção!
  
De madrugada, assombrado,
Mal conseguia dormir
Com medo que as enfermeiras
Viessem comigo bulir.
Cada susto eu levava!...
Dormia, me acordava;
Que triste situação!
Cada momento era duro,
Eu só vivia em ar puro;
Eita, medo de injeção!

Os choros doutras crianças
Tomando injeção eu via;
Esperando a minha vez,
Chega a bundinha tremia!
Não havia escapatório:
Como um bode expiatório
Levado à condenação,
Eu dava coice, pulava,
Dava patada e gritava;
Eita, medo de injeção!

Comia sem apetite,
Ora, eu cada vez morria;
Grande saudade de casa,
Chega a lágrima corria.
Com nada eu me alegrava,
Pois a tristeza era brava
De partir o coração;
De tanto ser molestado
Pelas injeções, coitado;
Eita, medo de injeção!

                                         06/03/2015


DEPOIS DE QUEBRAR UM BRAÇO...

Para minha mãe eu disse
Com a cara de santa puta:
“Quebrei o ‘bracim’, mainha!”
Foi outro dia de luta.
Ela disse: “Aí! Tá vendo?
Eu sempre te recomendo
Prevendo tal embaraço”.
Mas já era muito tarde
E fiz o maior alarde
Depois de quebrar um braço.

Grande galo levantou-se
Entre o antebraço e mão;
Minha mãe me disse: “Aí!
Eu sempre te avisei, não?”
O meu corpo desmaiou,
Grande galo levantou:
Na junta grande inchaço.
Eu fiquei quase apagando,
Cada vez agonizando
Depois de quebrar um braço.

Eita, baita dor da gota!
Só sabe quem já provou.
Mãe disse: “Inda vai pular?”
“Nunca mais vou, mãe, não vou!”
Ela disse: “Agora aprenda!
Doutra vez cê me atenda,
Agora caiu no laço”.
E assim fiquei bem triste
Vendo no quanto consiste
Depois de quebrar um braço.
  
Feito um idiota eu disse:
“Não sei como eu quebrei”
“Ora essa... Cê quebrou
Na junta, eu te avisei!
Eu te avisei, meu fi,
Assim mesmo eu me confie...
Você teimou feito o diacho.”
E, de dor quase que morro,      
Fui pra o pronto socorro
Depois de quebrar um braço.

Chorando, eu torcia o braço
Pra tirar os raios xis;
O funcionário zomba
Olhando pra mim e diz:
“Vai fi duma mãe, manhoso!
Doutra vez tu vai de novo
Se trepar que nem macaco?”
E, de cara bem tristonha
Passei muito foi vergonha
Depois de quebrar um braço.

Em fim, enfeixado o braço;
Eita, baita dia puto!
Depois fomos pra cidade
De Ouricuri-Pernambuco.
Entramos na ambulância,
Eu sempre sentindo a ânsia
Pra ver meu braço engessado
E parar de sentir dor;
Deuzulive, que horror
Depois de quebrar um braço!
  
Passei uma tarde inteira
Esperando atendimento;
A dor diminuiu mais,
Mas inda dava tormento.
Lá pelas dezoito horas,
Depois de esperar lá fora,
Finalmente fui chamado,
Todo momento lembrando
Quanto eu tava me arrombando
Depois de quebrar um braço.

Sozinho dentro da sala,
Vi um garotin chorando;
Ele tomava injeção,
E eu de medo me cagando!
Pensei: eita, o dotô vem
Aplicar em mim também,
Tou é frito, tou lascado!
Eita, dia de aflição,
Eita, medo de injeção
Depois de quebrar um braço!

A enfermeira veio a mim
Aplicar em mim um soro;
Quando senti a furada,
Eu me derreti no choro.
Mãe ouviu meu reboliço:
“Leando, para cum isso,
Bicho fresco, seja um macho!”
Depois de tanta emoção,
Tive a última aflição
Depois de quebrar um braço.
  
Sentado ali na cadeira,
Comecei a sentir sono;
Fechava o zói, despertava,
Só que cada vez mais zonzo.
Depois de uns três minutos,
Tempo mais ou menos curto,
Me pegaram no regaço
Pra me levar numa maca,
Outra ação que me marca
Depois de quebrar um braço.

Após o braço engessado,
Na maca me carregavam;
Forte leseira eu sentia,
Chega o zói se embriagavam.
Eita, sono véi da praga!
Pareceu cachaça braba
Que eu tivesse tomado.
E assim também confesso
Que foi mais outro processo
Depois de quebrar um braço.

Após dormir muito tempo,
Na cama eu me acordei;
Vi que eu tava num quarto,
Cada vez mais despertei.
Eu via tudo rodando,
E mãe comigo falando:
“Tá vendo aí que arraso?
Tu ainda aguentaria
Passar tanta putaria
Depois de quebrar um braço?”
  
Ali na cama, esperando
A anestesia passar,
Mãe conversava comigo,
E eu todo a me alegrar.
Eu conversava exibido,
Parecia ter bebido,
Enxerido no pedaço;
Não sabia o que dizia,
Só conversava ingrisia
Depois de engessado o braço.

Depois que o “porre” acabou,
Do hospital eu saí;
Só que saí caminhando
Inda tonto, pense aí!
O motorista chamou,
Minha mãe o reclamou
Me vendo bambo nos passos;
Eita, fuzuê da gota!
Nunca mais eu faço ôta
Depois de quebrar um braço.

                                                   08/03/2015

Ê, CACETE DE AGULHA!

Eu pisei em um espinho,
Isso custou muito caro;
O que aconteceu comigo
Foi até um caso raro.
Sempre andava eu, coitado,
Com o calcanhar levantado,
Vergonha de andar na rua.
Ih! A bolha que cresceu...
Vixe! O que aconteceu...
Ê, cacete de agulha!

Na sala de curativo
Fiquei quietinho, sentado;
Eu fiquei imaginando...
Preocupado, espantado!
Ih! Lá vinha a enfermeira!
Eu fiquei duma maneira...
Ora a coisa ali foi dura;
Fiz um grande labacé
Pra não furarem meu pé,
Ê, cacete de agulha!

Ao ver aquela agulhona,
Fiquei brabo feito um touro:
A agulha era do tipo
Das de se costurar couro!
Ao começar o moído,
Fiz um grande alarido,
Foi um grande empurra, empurra;
Três homens me segurava,
A enfermeira me furava,
Ê, cacete de agulha!
  
Ela puxava o couro
Com a agulha e o rompia;
Eu gritava e pensava:
Agora a macaca pia!
Meus lábios já tavam roxos,
E os homens: “Dessê frouxo!”
E eu, cada vez com fúria;
Minha mãe, vendo eu gritando,
Ficava só me olhando.
Ê, cacete de agulha!

Pra tirar o carnicão,
Deixei o prédio agitado;
Eu gritava feito um porco
Quanto tá sendo capado.
Fazia cócega, doía,
Berrava, o suor descia,
E os homens: “Fura, fura!”
Eita, enfermeira malvada,
Bixiga da mão pesada,
Ê, acete de agulha!

E aí, você também
Gosta de andar descalço?
Pra quem gosta é prazeroso,
Mas olhe não pise em falso!
O que aconteceu comigo
Pode te pegar, amigo;
Cuidado com tal borbulha!
O solo é contaminado
E, se tu for espinhado,
Ê, cacete de agulha!

                                         09/03/2015

Ê, CACETE DE ALICATE!

1Certa vez fui ao dentista;    ( 1eu tinha 6 anos de idade)
Dente doendo e furado.
Eu estava ansioso
Pra ver meu dente tirado.
Eu me sentei na poltrona,
Ih! Lá vinha a seringona!
Forte meu coração bate.
Aplicando a anestesia,
Começou a putaria,
Ê, cacete de alicate!

O cacete de agulha
Foi o primeiro a *comer;
Quanto mais furava o dente,
Mais eu ficava a gemer.         (*Olhe se tem mente suja!)
Aplicada a anestesia,
Passou uma pasta fria,
Tipo queima, esfria, arde.
Após bem cinco minutos,
Chegou o momento bruto,
Ê, cacete de Alicate!

O dente tava inflamado,
Sofreu pouca anestesia;
Mas o dentista tentou
Pra ver o que aconteceria.
O alicate ele pegou,
No meu dente ele o cravou,
Quase que ao dente parte!
Comecei a sentir dor,
Comecei o chororô,
Ê, cacete de alicate!

“Ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai...
Não, não, não... Dor da mulesta!
Num é pra arrancar, não,
Desse jeito assim num presta!”
Era isso que eu pensava,
Só que eu nada falava.
“Para, dotô, não me mate!”
O dente ele amolegava,
Cada vez eu me cagava,
Ê, cacete de alicate!

O dotô parou o serviço,
Passou mais uma pastinha;
Disse-me: “Ó, demore um pouco:
Mais uma anestesiinha!”
Depois de uns três minutos,
Com meu fôlego ainda curto,
Lá vem outra, meu cumpade!
Molestava o dente queiro,
Ai, meu Deus, que desespero,
Ê, cacete de alicate!

Eu me esperneava todo,
Jorrava sangue da boca!
Ê... Moído demorado!
Minha voz já tava rouca.
Passou mais uma pastinha,
Daí a pouco já vinha:
“Calma, garotinho, acalme!
Tudo agora vai dar certo,
Viu? Não chore, fique quieto”,
Ê, cacete de alicate!

Ele torcia o dente,
Eu, “ai, ai, ai, ai, ai, ai!...”
Mãe disse: “Ele arranca já!
Aí nóis pra casa vai.”
Árri, *Antônio de Bebé!
Feito um bode a chorar: bééé...
Eu quase tive um enfarte.
Era o dente véi doendo,
E ele cada vez moendo,
Ê, cacete de alicate!

E, por fim, puxou com força,
Quase pro queixo laxar;
Dei um tapa no alicate
P’ele parar de puxar.
Ora, foi tão forte a dor,
Chega meu zói revirou,
Quase que tive um ataque;
Mas, até que finalmente,
Conseguiu tirar o dente.
Ê, cacete de alicate!

                                           10/03/2015
 *Dentista