sábado, 27 de janeiro de 2018

Suspeita de Propina

SUSPEITA DE PROPINA

Que coisinha preta é essa
Que tu tem aí na mão?
Eu fiquei disconfiado
Daquela tua ação!
Eu tava entregano o queijo,
E de repente te vejo...
Ih! Qual é a tua, meu?
Eu num tou acreditano!
Quando eu tava entregano,
Tu tava filmano eu?

-- Na verdade lhe filmei,
Mas não a você somente:
Filmei os policiais,
Que são os incompetentes.
Se você não é culpado,
Por que você fica bravo?
Por acaso é sua a culpa?
O queijo que lá é dado,
Por acaso é comprado,
Ou por dispensa de multa?

-- Na verdade é comprado;
O queijo não é propina.
E esse chaveiro seu
Tem câmera aqui em cima.
Com isso eu me irrito,
Pois eu nunca admito,
De você muito duvido.
E seu cartão de memória,
Só devolvo nôta hora,
Quando eu apagar o vídeo.

-- Mas tomar-me o meu cartão
É total besteira sua.
Você se caga de medo
Da verdade nua e crua.
Devia ter mo pedido.
Com seu jeito atrevido
De pegar o meu cartão,
Já me prova o teu medo
Que aquela entrega de queijo
É propina de montão!

-- Se você já me filmou,
É provável de me culpe
Consultando a Internet,
Pra colocar no Youtube.
Além disso, desconfio
Que fará outro desvio
E dará cópia pros outros.
Se alguém por advogado,
Eu é que fico arrombado.
Você pensa que sou bobo?

-- Colocar na Internet
Não era bem o meu plano;
E, mesmo que eu colocasse,
Quem sairia se ferrando?
Além disso, se eu ainda
Acusasse de propina
Aqueles queijinhos dados,
A justiça me puniria,
Pra cadeia eu mesmo iria,
Se não desse por provado.

--Eu sei, mas, faça isso, não!
Desse jeito eu me complico.
Que seja propina ou não,
Tenho culpa, meu amigo?
Se a justiça souber,
Eu também me ferro, né?
Pense nisso, meu irmão!
Se quiser filmar a outro,
Pode filmar, eu tou pouco...
Só que a mim, não! Eu não!

--Meu amigo, tenha calma!
Dê-me meu cartão de volta!
Não vou pôr na Internet;
Deixe de medo e revolta!
--E eu vou me confiar?
Você vai é ispaiá
Pro povo ver minha cara!
--Eu num vou ispaiá, não!
Então me dê meu cartão!
--Não vou le entregar nada!

--Leandro, deixa pra lá... (minha irmã)
Esquece isso, vai! Vambora!
Ele tomou o cartão?
Parece ser dele agora.
--Não é meu não, mas eu pego,
E agora eu não entrego.
Pois quem mandou me filmar?
--Quer saber? Engula isso!
Pra que esse reboliço?
Quer o cartão? Pode socar...!

Ora, besteira da porra!
Pegue essa bosta e te mete!
Meu irmão jamais vai pôr
Essa bosta na Internet.
--Num vai, não?! Tu me garante?
Foi melhor eu tomar antes,
Sua besta; vai, te toca!
--Pois já que você tomou,
Pouco me lixando tou;
Besta é tu, seu idiota!

--Mas home, pra que filmar? (motorista)
Pois com isso a gente finda...
Melhor não divulgar isso;
Com justiça não se brinca!
--Quem brinca com a justiça (eu)
É quem pratica ou atiça
Ou tenta encobrir um crime.
Quanto ao que há no vídeo,
Nem temo e também duvido
Que alguém me incrimine.

Obs.: poema baseado em fato ocorrido no Crato-CE.

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